segunda-feira, 4 de junho de 2018

 Com novas recomendações, OMS tenta frear explosão dos de cesáreas

   O Brasil tem segunda maior taxa de intervenções durante o parto, com mais da metade dos nascimentos ocorrendo por meio de cesáreas.
    Genebra- Num esforço para reduzir o número de cesáreas praticadas no mundo, a Organização Mundial da Saúde(OMS) publicou em Fevereiro passado, novas recomendações sobre padrões de tratamento e cuidados relacionados a mulheres grávidas. O objetivo é reduzir ¨intervenções médicas desnecessárias¨.
    De acordo com a OMS, 140 milhões de nascimentos ocorrem no mundo a cada ano. A maioria, sem complicações. Ainda assim, nos últimos 20 anos, médicos aumentaram o uso de intervenções que eram destinadas antes apenas para evitar riscos e tratar complicações, com a infusão de oxytocin para acelerar o parto ou cesáreas¨.Indicou a OMS.
      A crescente medicalização de um processo normal de nascimento está minando a capacidade das mulheres de dar a luz e impactando de forma negativa sua experiência de nascimento" afirmou Nothemba SImelala, diretora- geral assistente da OMS. Para ela não há necessidade de receber intervenções adicionais para acelerar o parto se a mãe e o filho estiverem em boas condições de saúde.
     A entidade alerta que, nos últimos anos, uma ¨proporção substancial¨de grávidas saudáveis foi alvo de pelo menos uma intervenção durante um parto.
     Com dados de 2016, a OMS aponta o Brasil como um dos líderes em cesáreas no mundo e alerta que o aumento nas práticas em parto se transformou numa ¨epidemia¨. A entidade estima que a taxa média mundial e  cesáreas seria de 18,6% dos partos. E este número em 1990, era apenas 6%. No Brasil, os dados de 2016 mostram que 55,6% dos partos no País foram cesáreas, a segunda maior taxa do mundo, apenas superada pela República Dominicana, com 56%.
        Medidas
       Na esperança de reverter o quadro, ou pelo menos frear o aumento dos casos, 56 medidas foram anunciadas pela entidade . Elas incluem melhor comunicação entre médicos e mães , permitir que sejam as mulheres que também possas opinar sobre sua administração da dor durante o processo de dilatação e posições para o parto.
      Um dos aspectos centrais da recomendação é a de reconhecer que cada parto é ¨único¨e tem um ritmo diferente. Cada grávida, portanto deveria ser informada que não existe um padrão a ser respeitado, ainda que em geral um prazo máximo seja estabelecido.
       ¨ A duração do primeiro estágio varia de mulher para mulher e no caso do primeiro parto, não se estende além de doze horas, aponta. ¨Em fases seguintes, ele não ultrapassa dez horas de trabalho de parto¨, explica.
           Para reduzir intervenções médicas desnecessárias, a OMS alerta que a dilatação cervical precisa ser repensada. E o ritmo de 1 cm por hora de dilatação no primeira fase do parto- padrão usado para medir o progresso do caso- seria ¨irrealista¨para algumas mulheres e poderia ser ¨inexato para identificar mulheres sob risco¨.
          Pelas novas recomendações da OMS, uma taxa de dilatação mais lenta não deve ser um indicador de rotina para determinar se uma intervenção deve ou não ocorrer para acelerar o parto.
            Na avaliação da agência de saúde da ONU, é o envolvimento da mulher nas decisões do trabalho de parto que poderia mudar esta realidade. Entre as recomendações, a entidade pede que os médicos informem as mulheres sobre a duração do parto.
             Recursos
             Para a OMS, as intervenções médicas em trabalhos de parto estão ¨generalizadas¨em muitos países. Mas isso coloca uma pressão extra nos serviços de saúde e aprofundariam mais ainda a disparidade nos tratamentos.
             Na avaliação da entidade, uma redução no número de cesáreas desnecessárias liberaria recursos para casos em que o risco é real. Enquanto o número de cesáreas e parto com hora marcada aumenta, a entidade destaca que 830 mulheres morrem diariamente a dar a luz. ¨Isso poderia se evitar com cuidado de maior qualidade¨, aponta.












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