quinta-feira, 29 de março de 2018

         A grande Clarice Lispector

   Não tenho tempo para mais nada, ser feliz me consome.
   Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.
   Nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício interno.
   Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias  soltas, pois eu sou também o escuro da noite.
   Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.
   Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
   Enquanto houver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.
   Já que há de se escrever... Que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.
   Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.
   Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.
   Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.
   Terei toda a aparência de quem falhou e só eu saberei se foi a falha necessária.
    Eu não quero uma realidade inventada.
    Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.
    É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar , mesmo que me achar seja a mentira que eu vivo.
   O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.
    Este é meu: Maria da Graça Suleiman
    O tempo está se esvaindo.
    As pessoas estão indo...
    E eu não tenho tempo.
     Está se esvaindo...
    O tempo é este para ser feliz.
    Não dá para parar o tempo, ele não espera ninguém.
    Somos nós, os escravos do tempo, e se nos comportarmos, ele trabalhará a nosso favor.
     
        

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